Brasil: Mineradoras levarão até duas décadas após o desastre de Mariana, há sete anos, para eliminar todas as barragens; atingidos seguem à espera de casa definitiva
“O lento fim das barragens que foram pivô de tragédias em MG”, 05 de Novembro de 2022
...Em 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, da Samarco, controlada pela Vale e BHP Billinton, rompeu em Mariana e liberou cerca de 45 milhões de metros cúbicos de rejeitos no ambiente. Dezenove pessoas morreram. Os poluentes deixaram um rastro de destruição até o litoral do Espírito Santo...
Em janeiro de 2019, o colapso da barragem da Vale em Brumadinho matou imediatamente 270 pessoas soterradas...
Criada a partir de uma iniciativa popular, a lei Mar de Lama Nunca Mais (23.291/2019) quis extinguir a tecnologia pivô das tragédias. A lei proibiu novas barragens a montante e fixou como 25 de fevereiro de 2022 o limite para a eliminação das existentes.
Mas o descumprimento em massa levou o governo estadual e o Ministério Público a assinarem um termo de compromisso flexibilizando o cronograma. "Virou o programa de 'não descomissionamento'...
Minas Gerais concentra a maior parte das barragens a montante, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). Das 56 ativas atualmente no país, 39 estão no estado. Quase metade delas, 17, pertence à Vale...
Para fontes ouvidas pela DW, falta acompanhamento rígido de órgãos como a ANM. "Não há confiança no que é informado pelas mineradoras sobre risco. Não será de se estranhar que se rompa uma barragem com atestado de estabilidade, como aconteceu em Mariana e em Brumadinho", comenta a ambientalista Corujo.
...cerca de 250 famílias removidas em 2019 continuam em residências provisórias. Há casos ainda de pessoas que não foram retiradas, mas que brigam por acessos seguros a suas propriedades...
Em Mariana, sobreviventes que viviam no povoado de Bento Rodrigues, o mais atingido pelos rejeitos, seguem à espera de um lar definitivo, sete anos depois da tragédia...