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Artikel

4 Apr 2022

Autor:
Agência Pública

Brasil: Reportagem liga agências de publicidade a serviço do iFood, para desmobilizar movimento de entregadores

“A máquina oculta de propaganda do iFood”, 04 de abril de 2022

...Documentos, fotos e relatos obtidos pela Agência Pública indicam...funcionário de uma agência de inteligência e monitoramento digital que prestava serviços em uma campanha contratada pelo iFood. A presença do funcionário teria como objetivo implantar a pauta da vacinação prioritária para motofretistas, como uma estratégia de esvaziamento da narrativa de greve...

Naquele abril de 2021, os adesivos e a faixa que pediam “vacinação já” no estádio do Pacaembu, na zona oeste de São Paulo, vieram acompanhados pela disseminação de posts e comentários de usuários falsos, que teriam sido criados por agências de publicidade a serviço do iFood no Twitter e Facebook. Em paralelo, as agências contratadas teriam criado duas páginas que deram suporte à narrativa: a fanpage de conteúdo político Não Breca Meu Trampo e a página de memes Garfo na Caveira.

A Pública acessou mais de 30 documentos das campanhas…além de conversar com pessoas que trabalharam nas agências e acompanharam a campanha desenvolvida para o iFood durante pelo menos 12 meses...

A situação, descreve uma das fontes que afirma ter trabalhado nas campanhas contratadas pelo iFood, “é o que chamam de marketing 4.0”. “Você posta memes, piadas e vídeos que promovem uma marca ou ideia, mas sem mostrar quem está por trás. Sem assinar”, explica…o objetivo da publicidade não assinada era disseminar ideias e opiniões em um formato que imitasse a forma dos entregadores de se comunicarem, simulando que as postagens e narrativas vinham de verdadeiros entregadores...

... conjunto de documentos e os relatos indicam que, entre julho de 2020 e, ao menos, novembro de 2021, a agência Benjamim Comunicação e depois também a agência Social Qi (SQi) monitoraram greves de entregadores...

...Quando a “Não Breca Meu Trampo” apareceu nas redes, um alerta acendeu na cabeça de entregadores que acompanhavam as mobilizações. “A gente suspeitava que era um conteúdo pago por empresa, porque veio do nada e cheio de postagem, mas ficava no boato”, conta Edgar Silva, presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil (AMA-BR). Paulo Lima, o Galo do Movimento dos Entregadores Antifascistas, lembra que assim que a página surgiu “os motoboys vieram trazer pra mim perguntando quem será que estaria por trás”...

…vídeo obtido pela Pública mostra publicitários da Benjamim Comunicação falando da criação da página...

...De acordo com os documentos obtidos pela Pública, em janeiro de 2021 uma outra agência especializada em monitoramento e marketing digital entrou como um braço da Benjamim no projeto. A SQi passou a administrar a página “Não Breca Meu Trampo”, além de criar outras páginas e usuários falsos no Facebook e Twitter.

...reportagem procurou todas as empresas e pessoas citadas na reportagem, se colocando à disposição para ouvi-las por meio de entrevista, nota ou ligação telefônica. Luís Flávio Guimarães respondeu que os esclarecimentos em seu nome seriam feitos por representante da Benjamim Comunicação. Moriael Paiva foi procurado por telefone, mensagens instantâneas e email mas não retornou à reportagem.

As agências Benjamim Comunicação e Social Qi foram procuradas via telefone e email. Por telefone, André Pontes, representante da Benjamim afirmou à reportagem que a agência possui contrato de monitoramento de redes com o iFood desde setembro de 2020. “O nosso trabalho com iFood — e aí eu posso falar até certo ponto, porque existe uma cláusula de confidencialidade com o iFood, justamente por causa de concorrentes deles como rappi, loggi, etc…Pro iFood nós temos um monitoramento, que a gente monitora todas as redes que dizem respeito ao cluster deles”.

Em nota, a Benjamim Comunicação declarou: “A Agência de Comunicação Benjamim foi contratada pelo iFood para realizar pesquisa de opinião e monitoramento de postagens nas redes sociais e tem em seu escopo ouvir assuntos ligados ao ecossistema do food delivery...A reportagem da Agência Pública não permitiu acesso aos supostos documentos que foram oriundos da Social QI. Estranhamos uma reportagem que não tenha uma checagem dupla, com várias fontes, para autenticidade de supostas denúncias...

A agência Social Qi retornou à reportagem via nota, copiada na íntegra: “A Social QI é uma agência de marketing digital que faz monitoramento de redes sociais e ações de comunicação para clientes em todo o país. É prática do mercado fazer propostas para clientes atuais ou em prospecção, sugerindo ações, sempre respeitando os limites legais, que podem ou não serem aprovados ou realizados pelos clientes...Baseado apenas pelas perguntas enviadas pela reportagem, supomos que a Agência Pública esteja fazendo referência a uma possível proposta de trabalho que a Social QI sugeriu à Benjamin sobre a criação de um “marco regulatório”, a qual não foi aprovada pela agência e, portanto, não foi realizada.”

A reportagem também buscou contato com o iFood, que retornou via nota, reproduzida na íntegra: “A respeito da solicitação da Agência Pública, o iFood informa que não teve acesso aos documentos mencionados e, portanto, não pode opinar sobre o conteúdo destes. A empresa recebe regularmente abordagens e propostas de campanhas de diversas agências de comunicação, porém nunca teve relação comercial com a empresa SocialQi...O iFood realiza suas comunicações institucionais apenas por seus canais oficiais e contrata agências, como a Benjamim Digital, especializadas em pesquisa de opinião, campanhas de comunicação e monitoramento de redes sociais que acompanham temas em diferentes plataformas.”..

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