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Artigo

5 Mar 2020

Author:
Mayara Paixão, Repórter Brasil (Brazil)

Brasil: Crianças sofrem acidentes de trabalho em razão de jornadas exaustivas e desumanas de suas famílias, afirmam autoridades

"Aprendizado: o drama de bebês criados em oficinas de costura-Com pais submetidos a jornadas exaustivas e desumanas, crianças ficam sem supervisão e sofrem acidentes de trabalho; casos chegam a 50 por ano, mas são subnotificados. Falta de estímulos também gera problemas cognitivos", 27 de janeiro de 2020

Grécia Delgado Kama tinha menos de um ano de idade quando, sem que seus pais percebessem, caminhou com o andador até uma máquina de costura e colocou a mão no motor. No acidente, perdeu seu dedinho indicador. “Quando chegamos ao hospital, meus pais contam que lá havia outro filho de boliviano com o dedo amputado”, recorda a hoje agente social.  O acidente sofrido por Kama há quase 30 anos repete-se semanalmente no Brasil: entre 2012 e 2018, houve pelo menos 295 acidentes de trabalho com crianças e adolescentes em confecções de roupas no país, segundo dados do Ministério Público do Trabalho (MPT). O estado de São Paulo responde por 30% dos casos...Além de subnotificados, os números relativos a acidentes de trabalho em confecções têxteis não revelam outro problema: os danos psicológicos sofridos pelas crianças que crescem nas oficinas onde moram e trabalham seus pais.  São casos crescentes de crianças com atrasos no desenvolvimento psíquico e emocional causados pela situação precária em que vivem. A questão preocupa os profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da Mooca, na zona leste de São Paulo, que há 15 anos recebe filhos de bolivianos com problemas de aprendizado, como dificuldade na fala e pouca interação. A cada semana, de duas a três crianças na faixa de 2 a 5 anos chegam na unidade com esse quadro, segundo a equipe multiprofissional do CAPS...O tipo de acidente sofrido por Kama, hoje com 29 anos, segue comum, já que o cenário de violações de direitos no qual vivem essas famílias permanece. Na cidade de São Paulo, o setor têxtil é um dos campeões em trabalho escravo contemporâneo: 320 trabalhadores de confecções foram resgatados por auditores-fiscais entre agosto de 2010 e junho de 2019 na capital paulista, segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho, órgão ligado ao extinto Ministério do Trabalho (atual Ministério da Economia). São, em média, três resgates por mês de trabalhadores que são, em sua maioria, bolivianos. Grandes marcas, que terceirizam confecções em São Paulo, já foram responsabilizadas pelos auditores-fiscais pelo crime, como Animale (2017), Zara (2011), M.Officer (2013) e Brooksfield Donna (2016)...