abusesaffiliationarrow-downarrow-leftarrow-rightarrow-upattack-typeburgerchevron-downchevron-leftchevron-rightchevron-upClock iconclosedeletedevelopment-povertydiscriminationdollardownloademailenvironmentexternal-linkfacebookfiltergenderglobegroupshealthC4067174-3DD9-4B9E-AD64-284FDAAE6338@1xinformation-outlineinformationinstagraminvestment-trade-globalisationissueslabourlanguagesShapeCombined Shapeline, chart, up, arrow, graphLinkedInlocationmap-pinminusnewsorganisationotheroverviewpluspreviewArtboard 185profilerefreshIconnewssearchsecurityPathStock downStock steadyStock uptagticktooltiptwitteruniversalityweb
Artigo

2 Jun 2020

Author:
Repórter Brasil

Brasil: Exploração de mão de obra de migrantes bolivianos/as em São Paulo é agravada em meio à crise do coronavírus

“Trabalho escravo, despejos e máscaras a R$ 0,10: pandemia agrava exploração de migrantes bolivianos em SP”, 01 de junho de 2020

...duas bolivianas, de 19 e 22 anos...deixaram a mãe e as irmãs com a promessa de casa, comida, trabalho e salário mensal de 1.000 bolivianos (cerca de R$ 780), em São Paulo. Mas parte do combinado já não se cumpriu naqueles primeiros dias: elas tiveram que arcar com os custos da viagem...Dois meses depois, as duas foram resgatadas em condições análogas à de trabalho escravo na oficina de Carlos, no centro de São Paulo...Além da jornada de trabalho 14 horas por dia, da alimentação precária...e do pagamento irregular, nos quase dois meses em que as bolivianas estiveram na oficina de costura, sair para a rua não era uma opção... “Nem uma pandemia foi capaz de deter o tráfico de pessoas e o trabalho escravo no Brasil”, lamenta o auditor-fiscal do trabalho Magno Pimenta...“Percebemos que os donos das oficinas usavam a crise do coronavírus para impedir que as jovens saíssem da oficina. A coação é comum, e agora a pandemia serve como desculpa para o confinamento de trabalhadores”...A casa-oficina era contratada pela empresa Topo do Mar, localizada no Brás, região central da cidade. Os donos da oficina pagavam R$ 0,50 por short costurado, um quarto do valor pelo qual eram contratados. Já a Topo do Mar foi responsabilizada por questões trabalhistas e pagou as verbas rescisórias e indenizações devidas às trabalhadoras. A loja vai custear o retorno à Bolívia das irmãs...Carlos, que aliciou as duas jovens bolivianas, responderá criminalmente...As jovens estão abrigadas no momento em um lugar seguro no Brasil, segundo os auditores-fiscais, porque o destino delas é incerto. No Brasil, elas aguardam para saber como — e se — conseguirão voltar à Bolívia por conta da pandemia e do fechamento da fronteira...

Se a situação para migrantes bolivianos sempre foi de muito trabalho e poucos direitos, durante a pandemia ela só piorou. Especialmente no setor têxtil, segundo Carla Aguiar, assistente social do Centro de Apoio e Pastoral do Migrante. “O impacto financeiro entre os migrantes é maior porque dependem de trabalhos que chegam apenas por terceiros. Então se um para, tudo para. É um efeito cascata”...Não conseguir renegociar o aluguel é um dos muitos problemas enfrentados por Júlio e sua mulher, ambos bolivianos, durante a pandemia. A quantia que recebiam pela costura de peças despencou pós-pandemia... Para não deixar os filhos passarem fome, diz, ele e a mulher aceitaram trabalhar mais para ganhar menos. Agora, além de camisas, costuram máscaras a R$ 0,10 ou R$ 0,20 a unidade — que depois são vendidas a R$ 10...