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Artigo

12 Mai 2022

Author:
Repórter Brasil

Brasil: Multinacionais continuam comprando café de fornecedores ligados ao trabalho escravo; casos expõem fragilidade no monitoramento da cadeia produtiva

“Multinacionais do café ignoram denúncias e mantêm compras de fornecedores ligados a fazendas com trabalho escravo”, 12 de Maio de 2022

Flagrantes de práticas análogas à escravidão em fazendas brasileiras de café durante a safra de 2021 não foram suficientes para provocar a reação de grandes importadoras do grão nos Estados Unidos e na Europa.

Na Fazenda Laranjeiras...foram identificados 24 trabalhadores em condições análogas à escravidão em julho de 2021. Na Fazenda Floresta...resgataram outros 20 em situação semelhante...foram libertados mais sete trabalhadores na Fazenda Haras July...

Registros alfandegários acessados pela Repórter Brasil apontam que tradings e cooperativas regionais abastecidas pelos três cafeicultores continuam fazendo negócios com ao menos cinco multinacionais no Hemisfério Norte...

Na última edição do cadastro de empregadores responsabilizados por trabalho escravo, conhecido como “lista suja”, publicada pelo Ministério do Trabalho em abril deste ano, o café é o setor econômico com mais registros de trabalhadores em situação análoga à escravidão, com 122 resgatados.

Apenas em 2021, auditores fiscais resgataram 310 vítimas de trabalho escravo em 20 fazendas de café. Este foi o maior número desde 2003. Os empregadores ainda não constam na “lista suja” porque têm direito de defesa em duas instâncias administrativas.

Os produtores Marques e Brito Filho têm histórico de relacionamento comercial com a cooperativa paulista Coopercitrus, fornecedora da companhia List + Beisler, especializada em cafés premium, com sede em Hamburgo, na Alemanha...Dados alfandegários mostram que...importou dois lotes de café da Coopercitrus entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 – após os resgates dos trabalhadores e a publicação da matéria detalhando os casos.

Questionado pela Repórter Brasil no início do mês, o sócio e gerente da empresa...enfatizou o compromisso da companhia com a sustentabilidade e disse desconhecer, até então, o conteúdo das denúncias...

As respostas enviadas pelo representante da List + Beisler, bem como pelas demais empresas citadas nesta reportagem, podem ser lidas na íntegra aqui...

...a Cocatrel admite que o fornecedor autuado por trabalho escravo permanece entre os membros da cooperativa... “A Cocatrel informa a todos os seus parceiros de negócios que o Sr. Job Carvalho de Brito Filho (…) faz parte de seu quadro de associados e que se encontra temporariamente suspenso do Mapa da Parceiros da Cocatrel/CDT e de seu quadro de Certificações, tendo em vista seu envolvimento em uma fiscalização trabalhista ocorrida entre os dias 23 e 30 de julho de 2021”, diz o comunicado...Quatro compradores internacionais mantiveram negócios com a Cocatrel mesmo após a divulgação do caso.

A Falcon Coffees...importa mensalmente da cooperativa mineira e recebeu “em choque” as informações sobre o caso Brito Filho, descritas por e-mail pela Repórter Brasil.Após o contato da reportagem, a empresa consultou seu banco de dados próprio para rastreamento de cadeia, acionou a cooperativa fornecedora e disse ter confirmado que não adquiriu grãos produzidos na fazenda onde ocorreram as violações.

Uma das maiores distribuidoras de café do planeta, a italiana Lavazza afirma que o último lote adquirido da Cocatrel foi embarcado em outubro de 2021. Registros alfandegários acessados pela reportagem, no entanto, apontam um envio mais recente, em dezembro. “Estamos fazendo todas as investigações e avaliações cabíveis sobre a Cocatrel, que é um fornecedor marginal para o Grupo Lavazza, representando 1% do total de café comprado no Brasil”, afirma a multinacional.

Procurada pela Repórter Brasil novamente, a Nutrade preferiu manter o posicionamento enviado em outubro, em que disse monitorar os desdobramentos dos flagrantes de trabalho escravo entre os seus fornecedores de café...