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Artigo

10 Mar 2023

Author:
Repórter Brasil

Brasil: Supermercados signatários do Pacto pela erradicação do trabalho escravo não detectaram a exploração de trabalhadores em vinícolas

...O Carrefour é signatário do “Pacto pela erradicação do trabalho escravo no Brasil”. Trata-se de um acordo prevê restrições comerciais às empresas ou pessoas identificadas na cadeia produtiva que adotam práticas que caracterizam escravidão. Em nota, a empresa afirma ainda que todos os seus contratos “possuem cláusulas específicas que obrigam o fornecedor a se comprometer rigorosamente com as normas da legislação trabalhista vigentes”.

Nada disso, porém, foi suficiente para impedir que o produto feito com origem em exploração criminosa do trabalho fosse parar em suas prateleiras...

Duas semanas após o flagrante em Bento Gonçalves, outros gigantes do setor varejista, como Pão de Açúcar, Assaí e Zaffari continuavam vendendo vinhos e sucos de uva das marcas associadas ao trabalho escravo. Todos foram procurados pela Repórter Brasil para comentar.

O Grupo Pão de Açúcar, que também é signatário do Pacto, afirma que fez auditorias nas fábricas da Salton e Aurora em 2022 e que “ambas estavam em conformidade com os critérios avaliados pela Companhia”. É outra evidência da insuficiência do setor em monitorar a própria cadeia.

Já o Assaí Atacadista, segundo maior do setor no Brasil, disse que está em processo de assinatura do termo de adesão do Pacto, com previsão de conclusão ainda neste semestre. A rede afirmou que “pode encerrar uma relação comercial quando o fornecedor se recusar a tomar as medidas necessárias”, mas não respondeu se as vinícolas estão nessa situação.

O Zaffari, a maior rede de varejo do Rio Grande do Sul e que também tem lojas em São Paulo, não faz parte do Pacto. Provocado pela Repórter Brasil a dizer se pretende aderir à iniciativa ou se aplica alguma sanção em casos como este, preferiu não se manifestar...

Nenhum anunciou a suspensão de contratos com as vinícolas...A rede de supermercados Zona Sul, do Rio de Janeiro, por exemplo, anunciou que retiraria os produtos da marca Aurora de suas prateleiras.

...Conforme o regulamento, os varejistas signatários do Pacto não podem manter relações comerciais com fornecedores que integram a “lista suja”, o cadastro de empregadores responsabilizados por mão de obra análoga à de escravo. As vinícolas serão incluídas nessa relação se condenadas pelas autoridades de fiscalização no âmbito administrativo.

...A Repórter Brasil também localizou produtos de duas das três vinícolas envolvidas no caso de trabalho escravo oferecidos em lojas online de supermercados no Canadá e na Europa. Um deles é o suco de uva da Salton, disponível no site da unidade canadense da rede Walmart. Já o produto suco Casa de Bento, produzido pela Aurora, foi localizado pela reportagem no site do El Corte Inglés, rede de supermercados com unidades em Portugal e Espanha. O item foi retirado do ar pela empresa após contato da reportagem.

Por e-mail, o El Corte Inglés afirmou que a vinícola brasileira não é fornecedora do supermercado e que o produto foi ofertado por meio de uma feira realizada em 2022 para promover produtos brasileiros, “sendo desta forma um fornecedor ocasional, e que, por esse motivo, já não trabalha conosco”...

Já o Walmart, com sede nos Estados Unidos, afirmou apenas que “não tolera trabalho forçado” em sua cadeia produtiva e que iniciou uma investigação sobre o caso, sem detalhar quais ações serão tomadas e se os produtos da Salton poderão deixar de ser ofertados. Leia as respostas na íntegra aqui.