Por volta de 200 organizações brasileiras e internacionais enviaram uma carta aberta ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) solicitando que o banco não aprove um empréstimo de U$ 43 milhões solicitado pela Marfrig, uma das maiores companhias de alimentos à base de proteína animal do mundo.

As organizações alegam que a situação consiste em um claro exemplo de como bancos e instituições financeiras podem contribuir para perpetrar violações de direitos humanos cometidas por empresas, uma vez que, segundo as entidades, a Marfrig contaria com uma série de violações de direitos humanos e ambientais em sua cadeia produtiva, o que seria “incompatível com o recebimento de investimento de uma instituição comprometida com a responsabilidade social e ambiental e com a obrigação de respeitar os direitos humanos na destinação de recursos públicos”.

As signatárias também ressaltaram que a concessão de um empréstimo à empresa feriria compromissos do BID com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e com acordos internacionais sobre o clima.

Para mais, as entidades ressaltaram que, recentemente, a Marfrig comprou ações de outras duas gigantes do setor, a BRF e a National Beef Packing Co, o que comprovaria que a empresa não necessita de empréstimos para financiar atividades relacionadas com desenvolvimento sustentável - o que foi alegado pela companhia para justificar a solicitação do aporte milionário.

A organização Repórter Brasil convidou a Marfrig a comentar a carta aberta ao BID. A resposta da empresa está disponível.

Atualização: Em meados de dezembro de 2021, o Norwegian Government Pension Fund Global colocou a Mafrig sob observação devido a suposto risco de a empresa “contribuir para danos ambientais graves”. O posicionamento do fundo foi o primeiro dessa natureza a compreender a pecuária bovina como agente causador de desmatamento.