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Artigo

12 Fev 2019

Author:
Fernando Brito, Bruno Falci e Maíra Santafé, Jornalistas Livres (Brazil)

Brasil: Jornalista alega que meninos viraram commodities humanas entre clubes de futebol e empresários, são " "negócio de lucro" e privados de sua infância

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"Os meninos não morreram por falta de alvará, foi o dinheiro e como o Brasil voltou a ser exportador de seres humanos", 10 de fevereiro de 2019   

Os meninos do Flamengo não tiveram uma morte horrenda por “falta de alvará”. Falta de alvará não pega fogo em alguns segundos, falta de alvará não impede que garotos daquela idade, atletas,não tenham chance de fugir de um incêndio que se inicia, falta de alvará não transforma aqueles adolescentes no que viraram, mercadoria estocada em contêineres para ser vendida, daqui a pouco, a peso de ouro…[I]sso que matou os moleques bons de bola: serem bons de bola e o fato de o Brasil ter voltado a ser um exportador de commodities humanas, cavadas por toda a parte e “peneiradas” por uma associação entre clubes de futebol e “empresários” picaretas, à procura do que possa dar lucro, lucro grande, milionário, com meninos que. com sete, oito anos, são privados da infância porque, além de representarem esta possibilidade, representam também a possibilidade, decerto a única, de tirar a família da pobreza. Sob os olhos complacentes da mídia, este garimpo se desenvolveu. Distribuíram-se “franquias” de “escolinhas de futebol” pelas periferias e pelo interior, com pouco ou nenhum interesse desportivo ou educacional, mas sempre atentas a um garoto que “pode dar caldo”. De lá, acabam indo para as “peneiras finas”, como a que se incendiou na madrugada de hoje...Escola não era um elemento significativo nas narrativas. Nada contra o talento, ainda mais para quem, desde criança, embora sem tê-lo nos pés, sempre gostou do futebol bem jogado. Mas tudo em favor dos adolescentes, que não podem ser tratadas assim. Não podem ser apartada das famílias, de seu ambiente cultural, de suas âncoras de formação da personalidade. Não pode haver o “colégio interno de boleiros”. A falta de alvará e as 30 autuações do “Ninho do Urubu” só importam por revelarem a cumplicidade com que são tratados os grandes clubes de futebol, porque isso nunca foi notícia, porque a ninguém interessava indispor-se com um grande clube, assim como não havia quem fosse se indispor com a Vale. O que matou os meninos...foi morarem dentro de um contêiner de porta minúscula, forrado de plástico que “lambeu” como o papel fino de um balão japonês. Não faltavam, na construção do “Ninho do Urubu”, profissionais e técnicos que dissessem o quanto aquilo era inseguro. Mesmo que fosse para tratar adolescentes como mercadorias preciosas que eram, para os donos da bola...

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